Se a noite silenciosa assombra
Feito arma à espreita nos becos
E a nossa voz acovarda-se
Dos momentos felizes que vivemos
Se, contudo, sofremos nossas antigas alegrias
E desfazemos os nós
Antigos e doces
Se fomos amigos outrora
E hoje emudecemos
E somos deserto e abandono
Se fomos tão capazes,
Tão idealistas e vivos
E hoje nos deixamos sepultar
Se tivemos tantos encontros
Tantos abraços e cartas
Por que nos abandonamos?
Imensa e fria covardia...
Amar exige.
Sentar-se a mesa, abraçar-se
Buscar seu próprio reflexo no olhar do outro...
Tantas coragens
Quase inatingíveis!
A carta branca da qual falamos
Se dispõe desafiadora
Sobre a mesa!
(Olho as luzes de Natal nas varandas das casas e penso:
vou te abraçar e dizer tudo o que lhe quis dizer
desde o último Natal)
Em quantas ceias haverá a celebração do medo!
Medo da morte das antigas tralhas
Medo da humilde reparação da amizade
Medo do encontro
Medo de que sobre a mesa não seja posto amor suficiente...
Aos que vierem para cear
Servirei meu abraço-coragem
Partilharei minhas palavras-toques
E brindarei à vida-vida
- único presente que vale a pena...
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
Natal frente ao espelho
Acordei mais velho e o tempo pesou sobre minhas pálpebras.
Um sono antigo, triste
Um sono de todos os tempos...
Meus cabelos embranqueceram ou caíram
E minha casa está vazia.
Perdi o trem, o tempo e a confiança
E no meu espírito canta uma garoa fria de beco.
Lá fora, a avenida arborizada acende todas as luzes.
Shoppings, lojas, congestionamentos
Carícias do consumo,
Abandono de Narciso.
E eu? E eu?
Abotôo o último botão da camisa
Calço meu sapato envelhecido
Vou ao encontro dos amigos
Beber
Viver
Cantar
Meu reflexo aborrecido
Me repreende:
“Ora veja, ser feliz num tempo desses...”
Um sono antigo, triste
Um sono de todos os tempos...
Meus cabelos embranqueceram ou caíram
E minha casa está vazia.
Perdi o trem, o tempo e a confiança
E no meu espírito canta uma garoa fria de beco.
Lá fora, a avenida arborizada acende todas as luzes.
Shoppings, lojas, congestionamentos
Carícias do consumo,
Abandono de Narciso.
E eu? E eu?
Abotôo o último botão da camisa
Calço meu sapato envelhecido
Vou ao encontro dos amigos
Beber
Viver
Cantar
Meu reflexo aborrecido
Me repreende:
“Ora veja, ser feliz num tempo desses...”
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
O Natal permanece
Um olhar vazio, descuido, esvaziamento.
Um dia confuso, trânsito, morte e esquecimento.
Violento devir sem esperança
Mas meu coração de criança
Não esquece:
- O Natal permanece!
Palavras duras, silêncio, abandono febril.
Pausa, hiato, lapso, ardil.
Raiva, ranger os dentes no mezanino.
Mas meu coração de menino
Não esquece:
- O Natal permanece!
Confusão, calor, ar condicionado.
Sinal vermelho, menor abandonado.
O carro batido, retorcido aço.
Mas meu coração de palhaço
Não esquece:
- O Natal permanece!
O ponto lotado, a rua lotada, o metrô cheio.
Aquele dinheiro que não veio.
A noite solitária, a veia ardente.
Mas meu coração de vivente
Não esquece:
- O Natal permanece!
Um dia confuso, trânsito, morte e esquecimento.
Violento devir sem esperança
Mas meu coração de criança
Não esquece:
- O Natal permanece!
Palavras duras, silêncio, abandono febril.
Pausa, hiato, lapso, ardil.
Raiva, ranger os dentes no mezanino.
Mas meu coração de menino
Não esquece:
- O Natal permanece!
Confusão, calor, ar condicionado.
Sinal vermelho, menor abandonado.
O carro batido, retorcido aço.
Mas meu coração de palhaço
Não esquece:
- O Natal permanece!
O ponto lotado, a rua lotada, o metrô cheio.
Aquele dinheiro que não veio.
A noite solitária, a veia ardente.
Mas meu coração de vivente
Não esquece:
- O Natal permanece!
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
No tempo em que acreditava em Natais
No tempo em que acreditava em Natais
Via a neve em países longínquos
E morrendo de calor
- do dia, do forno, do asfalto –
Achava sentido nas vestes
Vermelhas, pesadas e gordas.
No tempo em que acreditava em Natais
Imaginava a mesa farta
De frutas e pensamentos exóticos
De felicidades distantes
De esperanças densas como a calda de açúcar.
No tempo em que acreditava em Natais
Gastava noites a desenhar no céu
As constelações e os desejos.
Era criança e tinha esperança
Na vida, no certo e nas estradas.
Mas depois que cresci percebo
Que toda estrada é circular
E a nada leva
E todo rio é uma ilusão.
E esse Natal teimoso
- teimoso de dar nos nervos –
Essa inconseqüência feliz
Permanece.
Somente eu não estou mais aqui...
Via a neve em países longínquos
E morrendo de calor
- do dia, do forno, do asfalto –
Achava sentido nas vestes
Vermelhas, pesadas e gordas.
No tempo em que acreditava em Natais
Imaginava a mesa farta
De frutas e pensamentos exóticos
De felicidades distantes
De esperanças densas como a calda de açúcar.
No tempo em que acreditava em Natais
Gastava noites a desenhar no céu
As constelações e os desejos.
Era criança e tinha esperança
Na vida, no certo e nas estradas.
Mas depois que cresci percebo
Que toda estrada é circular
E a nada leva
E todo rio é uma ilusão.
E esse Natal teimoso
- teimoso de dar nos nervos –
Essa inconseqüência feliz
Permanece.
Somente eu não estou mais aqui...
Manhã de 90
Manhã de noventa
Chovia dentro de mim
Acordes de vinte anos
Na casa adormecida
Amigo, de onde vem o abraço consolado?
A doce amizade?
A sinceridade eterna?
Em que hora chegou teu abraço?
Levarei minha tristeza –
Acordes de vinte anos –
À festa anunciada!
Ainda dentro de mim
A chuva eterna...
É que precisei me perder
Buscar o inferno impreciso e condicional
Arriscar a pele
Tocar o foco
Enfrentar o tacanho
O mal
O tamanho do mundo!
É que precisei chorar
E encarar todas as mentiras
Passageiras mentiras
Eternas
Precisei dobrar minhas pernas
Precisei ouvir impropérios
As duras verdades!
É que precisei me rever
Imperfeito, infiel, incompleto
Torto reflexo
Vapor na janela fria!
Esses vinte anos...
Agora, vem você com seu abraço
Notícias de outras bandas!
Agasalho
Abrigo
Esses vinte anos...
Chovia dentro de mim
Acordes de vinte anos
Na casa adormecida
Amigo, de onde vem o abraço consolado?
A doce amizade?
A sinceridade eterna?
Em que hora chegou teu abraço?
Levarei minha tristeza –
Acordes de vinte anos –
À festa anunciada!
Ainda dentro de mim
A chuva eterna...
É que precisei me perder
Buscar o inferno impreciso e condicional
Arriscar a pele
Tocar o foco
Enfrentar o tacanho
O mal
O tamanho do mundo!
É que precisei chorar
E encarar todas as mentiras
Passageiras mentiras
Eternas
Precisei dobrar minhas pernas
Precisei ouvir impropérios
As duras verdades!
É que precisei me rever
Imperfeito, infiel, incompleto
Torto reflexo
Vapor na janela fria!
Esses vinte anos...
Agora, vem você com seu abraço
Notícias de outras bandas!
Agasalho
Abrigo
Esses vinte anos...
Tempos
Há tempos em que a compreensão se cala
E o próximo passo tateia a beira do abismo
Tempos de áspera e inaudível solidão
E a única cor é o escuro
E um muro de musgo frio
impede o olhar.
Tempos de Babel
Em que o Outro me intimida e diminui.
"Me abraça, me abraça, amor,
que a tua linguagem eu entendo...
Seus lábios de lã
Me abraçam
me salgam
e me afastam do mal."
Há tempos de portos,
há tempos de deriva.
E o próximo passo tateia a beira do abismo
Tempos de áspera e inaudível solidão
E a única cor é o escuro
E um muro de musgo frio
impede o olhar.
Tempos de Babel
Em que o Outro me intimida e diminui.
"Me abraça, me abraça, amor,
que a tua linguagem eu entendo...
Seus lábios de lã
Me abraçam
me salgam
e me afastam do mal."
Há tempos de portos,
há tempos de deriva.
O amor e o relógio não conversam
O amor e o relógio não conversam
Sem lógica o amorsemtempo ressucita
A cada volta suicida
Em torno dos sessenta universos
E em versos sobressaltos taciturnos
O amor - seus afetos, seus returnos -
Amadurece e ama mais.
O amor e o relógio sobrevivem
Sem ternura aturam o tempo dia a dia
Sempre cegos improvisam cada volta
E retornam mudos as doze horas
Taciturna roda, letargia.
Mês a mês, ano a ano, passo a passo,
Passam de mãos dadas amor e tempo
Irmãos em versos, vida e caminhos
Não conversam, tocam com carinho
Um ao outro, a cada volta do ponteiro.
Sem lógica o amorsemtempo ressucita
A cada volta suicida
Em torno dos sessenta universos
E em versos sobressaltos taciturnos
O amor - seus afetos, seus returnos -
Amadurece e ama mais.
O amor e o relógio sobrevivem
Sem ternura aturam o tempo dia a dia
Sempre cegos improvisam cada volta
E retornam mudos as doze horas
Taciturna roda, letargia.
Mês a mês, ano a ano, passo a passo,
Passam de mãos dadas amor e tempo
Irmãos em versos, vida e caminhos
Não conversam, tocam com carinho
Um ao outro, a cada volta do ponteiro.
Bem vindo!
Caros amigos:
Esse blog é continuação do anterior: reação em cadeia. Aproveitem e comentem meus poemas!
Com carinho
Bido
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